Política

‘Pacheco cumpre o papel de defender a Constituição’, diz Jaques Wagner

A disputa pela presidência do Senado põe do mesmo lado PT, e o presidente Jair Bolsonaro. Perfil ‘garantista’ do senador agrada o partido

O senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) O senador Rodrigo Pacheco conta com apoio de Bolsonaro.
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Desde que o Supremo Tribunal Federal indeferiu a possibilidade de reeleição para as presidências da Câmara e Senado, os parlamentares deram início a uma corrida paralela à calamidade do Brasil na pandemia.

Se, entre os deputados, formou-se uma “frente ampla”  contra o candidato de Bolsonaro Arthur Lira (PP), a disputa no Senado põe do mesmo lado PT, PDT e os Bolsonaro —  no plural, porque o candidato Rodrigo Pacheco, além do apoio informal do presidente, tem o voto de Flávio Bolsonaro (Republicanos).

O apoio a Pacheco foi unanimidade entre os seis senadores do PT. O perfil “garantista” do senador agrada o partido, diferentemente do perfil “punitivista” da candidata Simone Tebet (MDB), representante da chamada “bancada da Lava Jato”.

Um petista que preferiu não se identificar resumiu a relação. “Pacheco é o candidato de Alcolumbre, a quem o PT apoiaria se tentasse reeleição. Pelo que vemos na atuação do Rodrigo, ele não tem afinidade ideológica com o governo”.

“Acho que Rodrigo cumpre bem a defesa da Constituição brasileira, tem histórico como advogado, membro da Ordem”, diz o senador Jaques Wagner (PT-BA). “Presidência do Senado e Câmara não é ser nem correio de transmissão do Planalto nem bunker da oposição.”

A escolha tem sido criticada dentro e fora do partido. Indagado, o senador critica a postura “polarizada”. “Esse tipo de análise empobrece muito o diálogo”, avalia.

De acordo com ele, nas três horas e meia de conversa com a bancada petista, Pacheco “se saiu bem” e respondeu de forma satisfatória as perguntas. Também fez promessas à bancada, como o compromisso de dar as presidências das Comissões de Meio Ambiente e Direitos Humanos ao PT, um cargo na Mesa Diretora – talvez a terceira secretaria – e a liderança da oposição no Senado.

“A negociação foi favorável ao PT. Falamos sobre a importância da independência do Senado perante o governo, a defesa da democracia. Também o questionamos sobre essa agenda de costumes do Bolsonaro”, diz o senador Humberto Costa (PT-CE).

impeachment de Bolsonaro, assunto que ganhou corpo nos últimos dias com o colapso da saúde em Manaus e com o início da vacinação, também foi discutido. “Caso esse processo venha a andar de fato e chegar ao senador, ele vai analisar sim”, promete Costa.

Em entrevista concedida à edição impressa de CartaCapital, Pacheco cobrou “responsabilidade” em relação ao impeachment.

“O instituto do impeachment é algo excepcional. Por isso, é preciso ter responsabilidade ao se falar de impeachment. De qualquer forma, não conheço o teor dos pedidos de impeachment contra o presidente da República e cabe à Câmara dos Deputados a avaliação inicial sobre cada um deles”, declarou.

Rodrigo Pacheco lançou oficialmente sua candidatura na terça-feira 19. Na ocasião, divulgou uma carta pedindo a paz entre os poderes e se comprometido com as reformas. Esse afã “reformista” o ajudou a conquistar outros apoios, como o do PP, de Ciro Nogueira.

Até agora, o demista conta com o apoio formal de nove partidos: PSD, PP, PT, PROS, PL, Republicanos, PSC, PDT e DEM – contabilizando 41 votos, o mínimo para se eleger.

Já Simone Tebet conta com apoio do MDB, Podemos – que liberou a bancada – parte do PSDB e o Cidadania, contabilizando cerca de 27 votos.

Corre por fora o senador Major Olímpio, do PSL, que prefere não divulgar números para “não prejudicar as tratativas”. “Tenho a mesma sensação do time que entra em campo sabendo que o adversário tem vantagens (cargos e emendas) e tem o juiz como seu parceiro”, declarou Major Olímpio. Ele conta conta com dissidências, já que o voto é secreto, para angariar apoiadores.

Devido à pandemia, a data e hora da eleição ainda não foram confirmadas.

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