Por Edilson Júnior*, G1 Sorocaba e Jundiaí


MC Venenosa: rapper deixou músicas inéditas gravadas. — Foto: Reprodução/Redes Sociais

A cantora e apresentadora MC Venenosa, que morreu no domingo (22) após complicações respiratórias causadas por asma, deixou músicas inéditas e já gravadas, segundo a irmã, Fátima Alvarenga. Agora, a família da artista luta para realizar os sonhos deixados pela rapper.

"Ela sentia que ia morrer e deixou bem claro pra gente que o seu desejo era ser cremada. Além disso, mandou mensagens de 'eu te amo' para vários amigos e mãe. Não vamos deixar morrer o projeto dela de lançar um CD, ela deixou tudo pronto antes de partir e todas as músicas estão gravadas", relatou ao G1.

MC Venenosa era o nome artístico de Jéssica Cristiane Batista, que estava internada no Hospital Municipal Dr. Lauro Roberto Fogaça, em Votorantim. Após a morte, a família fez uma campanha nas redes sociais para que MC Venenosa pudesse ser cremada, já que era seu desejo. A campanha deu certo e a rapper foi cremada na tarde de segunda-feira (23).

MC Venenosa deixou álbum inédito: 'Sentia que ia morrer', diz irmã

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"A minha mãe é catadora de recicláveis e criou a família junto com a minha avó. Somos de família muito humilde e não tínhamos R$ 1 mil para arcar com o velório. Ela seria enterrada sem o velório. Precisávamos de aproximadamente R$ 5 mil para os custos de velório e cremação. Conseguimos em duas horas e as doações não pararam, já alcançou R$ 18 mil", explica.

O valor arrecadado a mais será destinado para dar melhores condições de vida para a mãe de Jéssica e, assim, realizar outro desejo da rapper, afirma a irmã.

"Era um sonho da Jéssica reformar a casa e dar uma vida melhor para a minha mãe. Ela era incrível e sempre lutou pelos sonhos, conseguiu realizar", diz.

Batalha das Capivaras

Amigos de MC Venenosa prestaram homenagens nas redes sociais — Foto: Instagram/Reprodução

Fátima conta que a irmã era formada em técnico de marketing e desejava ser estilista, mas por conta de problemas pessoais não concretizou a ideia de montar uma linha Plus Size.

Foi após aulas de break e por descobrir uma paixão por cantar, Jéssica foi conhecendo mais da cultura hip hop e passou a produzir projetos relacionados ao tema.

A irmã explica que um dos projetos que a rapper mais se orgulhava era a 'Batalha das Capivaras', competição de rimas e rap criado em 2015 e que existe até hoje.

"Nesta época os vídeos de batalha do Facebook estavam em evidência. Em Sorocaba havia as batalhas, mas em Votorantim não. Ela fez a primeira batalha na pista de skate, que fica na beira do rio, onde têm muitas capivaras. Inclusive, elas ficavam neste local no horário do evento. Por conta disso virou 'batalha das capivaras'. O pessoal do skate gostou da ideia e ela foi oficializada na cidade", explica.

Engajada em causas feministas, Jéssica também criou a 'Batalha das Caiporas', grupo em que só mulheres participavam. "Este meio era machista e ela sempre lutou pela igualdade de homens e mulheres", conta.

Jéssica com os irmãos Fátima e Matheus — Foto: Arquivo Pessoal

MC Venenosa

De família humilde, Jéssica sempre lutou para conquistas os seus objetivos, ressaltou a irmã. Quando ficou desempregada, ela passou a vender pirulitos para ir até São Paulo, onde se apresentava em estações de metrô para ajudar no sustento da casa.

"Ela pegava a mochila dela para ir até São Paulo com R$ 20 e ficava na estação do metrô, onde fazia rimas e as pessoas ajudavam", explica.

Jéssica com a mãe Maria e irmã Fátima — Foto: Arquivo Pessoal

O primeiro nome artístico foi 'Jéssica Cristy', mas como MC Venenosa a artista conquistou projeção. Jéssica participava dos principais eventos de rima do país e ficou conhecida no Brasil e até em outros países. Fã de Rita Lee, o novo nome artístico foi inspirado na cantora e vem da força feminina, pela qual sempre se inspirou.

"O nome foi inspirado na música 'Erva Venenosa' da Rita Lee, da qual ela sempre foi muito fã. Ela se espelhava nas artistas mulheres, pois também foi criada por duas pessoas fortes. Mesmo sofrendo com depressão, ela sempre foi forte e buscava sempre se acalmar, mesmo com o mundo desabando ao seu redor", conta.

Mesmo com o reconhecimento de seu trabalho como artista, Jéssica sempre foi engajada em sua comunidade e se orgulhava de suas raízes.

"Ela fez muito pela nossa quebrada. Já se vestiu de Mamãe Noel e distribuía doces para crianças daqui. Participava de festas em prol da comunidade e sempre muito comprometida com a causa, finaliza".

Homenagens

No domingo (22), a cantora ficou entre os assuntos mais comentados do Twitter. Amigos compartilharam fotos prestando homenagens a Venenosa lamentando sua morte.

"Foi uma pessoa que me deu muito carinho por onde eu fui. Todos os lugares que eu ia ela me abraçava de uma forma muito carinhosa", disse o ator e rapper Xamã em um vídeo publicado nas redes sociais.

Cantora de Votorantim (SP) morreu no domingo (22) — Foto: Instagram/Reprodução

"Obrigado por tudo minha eterna amiga. Sua força estará sempre entre nós. Você foi uma das pessoas mais fortes que conheci na vida. Não consigo acreditar. Te amarei pra sempre", escreveu outro amigo, o cantor MC Bob Treze, em sua rede social.

Amigos de MC Venenosa prestaram uma homenagem a artista na noite de segunda-feira (23), em uma praça de Votorantim, poucas horas após a despedida da cantora.

*Colaborou sob supervisão de Paola Patriarca

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