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China lança uma missão para trazer rochas lunares à Terra

Sonda não tripulada Chang’e 5 é a última em uma série de missões cada vez mais complexas

O foguete Longa Marcha-5. Em vídeo, declarações de dois dos participantes da missão.
O foguete Longa Marcha-5. Em vídeo, declarações de dois dos participantes da missão.Mark Schiefelbein (AP)
Macarena Vidal Liy
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A United Launch Alliance Atlas V rocket carrying NASA's Mars 2020 Perseverance Rover vehicle takes off from Cape Canaveral Air Force Station in Cape Canaveral, Florida, U.S. July 30, 2020.  NASA/Joel Kowsky/Handout via REUTERS.  MANDATORY CREDIT. THIS IMAGE HAS BEEN SUPPLIED BY A THIRD PARTY.
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A China pretende realizar um novo feito na exploração espacial nesta semana, após enviar uma missão a Marte em julho. Uma sonda espacial, a Chang’e 5, saiu na madrugada de terça-feira, tarde de segunda no Brasil, à Lua para coletar rochas e outras amostras de solo e transportá-las à Terra, na primeira missão deste tipo em mais de quarenta anos. Os cientistas esperam que, sendo bem-sucedida, a missão permita entender melhor como nosso satélite evoluiu, e até datar com mais precisão as superfícies de outros planetas, como Marte e Mercúrio.

O lançamento ocorreu na base espacial de Wenchang, na ilha tropical chinesa de Hainan, às 4h30 da madrugada na China (17h30 de segunda-feira de Brasília), quando o foguete Longa Marcha-5 que transporta a sonda saiu da plataforma.

A sonda Chang’e 5, assim chamada em referência a uma deusa que, segundo a tradição chinesa, mora na Lua, pesa oito toneladas e é composta de quatro módulos, que se encarregarão respectivamente da órbita em torno ao satélite, da alunissagem, da decolagem lunar e do retorno à Terra.

Se a missão for bem-sucedida, o módulo de alunissagem chegará a um ponto até agora inexplorado do lado mais próximo da Lua, nas proximidades do monte Rümker, uma área vulcânica a 1.300 metros de altitude na região conhecida como Oceanus Procellarum (“Oceano das Tempestades”), uma vasta planície de lava escura visível da Terra. Lá, a sonda escavará a superfície lunar até chegar a dois metros de profundidade e coletará dois quilos de solo e rocha.

A operação durará um dia lunar, equivalente a duas semanas terrestres; não pode se prolongar já que o frio da noite no satélite, com temperaturas que chegam a 170 graus abaixo de zero, pode afetar o funcionamento dos delicados mecanismos do artefato espacial. O módulo de regresso armazenará as amostras e irá trazê-las a nosso planeta. A sonda, de acordo com os cálculos, deve aterrissar de volta no começo de dezembro em um ponto da província chinesa da Mongólia Interior.

Seu retorno sem incidentes transformará a China no terceiro país a conseguir transportar material lunar, algo que até agora somente os Estados Unidos e a União Soviética conseguiram, em missões lançadas nas décadas de sessenta e setenta; a última delas, a soviética Lua 24, foi completada em 1976.

O sucesso também significaria que a China conseguiu completar a terceira e última fase de seu programa lunar atual: orbitar, alunissar e retornar. Já havia realizado as duas primeiras: sua missão anterior, a Chang’e 4, chegou em janeiro de 2019 à face oculta da Lua. Em 2003 já havia conseguido depositar seu primeiro veículo explorador do solo lunar, Yutu (Lebre de Jade), no satélite.

“Esta é a primeira missão não tripulada de coleta de amostras e retorno da Lua”, afirmou o porta-voz da Agência Espacial Nacional Chinesa (CNSA), Pei Zhaoyu, em declarações feitas à televisão estatal chinesa. “Este trabalho é mais complicado do que pegar à mão amostras do solo lunar”.

A missão estava prevista para 2017, mas precisou ser adiada por uma falha no foguete Longa Marcha. Desta vez, um dos responsáveis do projeto do foguete, Liu Bing, frisou que “outros lançamentos anteriores comprovaram certas tecnologias fundamentais, de modo que desta vez temos mais confiança. Agora nos centramos em medidas de controle no lugar do lançamento”.

Os especialistas acreditam que o material obtido, rochas submetidas durante milhões de anos a impactos de meteoros, vento solar e radiações de raios cósmicos, ajudará a esclarecer como a Lua evoluiu. Até agora se acreditava que a atividade vulcânica do satélite acabou há 3,5 bilhões de anos, ainda que algumas observações mais recentes da superfície lunar indiquem que talvez o núcleo do satélite tenha se mantido ativo até somente um ou dois bilhões de anos.

A China investiu bilhões de euros no desenvolvimento de seu programa espacial, que considera um dos pilares de seu plano para se transformar em uma grande potência econômica e diplomática nas próximas décadas. Desde que enviou em 2003 seu primeiro astronauta ao espaço, se propôs a levar uma missão tripulada à Lua na próxima década e espera montar uma estação espacial até 2022. O sucesso da Chang’e 5 também pode abrir o caminho a futuras explorações semelhantes de ida e volta a planetas como Marte.

Em julho, a China lançou sua nave espacial Tianwen, formada por um módulo orbital e um veículo explorador, a Marte. Essa missão, que os cientistas preveem que chegará ao planeta vermelho em fevereiro do ano que vem, procurará indícios da presença de água.

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