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Em live, Bolsonaro diz que quer ‘enterrar logo’ inquérito no STF

Presidente diz ainda que o ex-ministro Sergio Moro 'não tem nada que perguntar' a ele e voltou a negar interferência na Polícia Federal

Por Da Redação 17 set 2020, 22h18

O presidente Jair Bolsonaro elogiou na noite desta quinta-feira, 17, a decisão do ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal, de suspender o inquérito em que o chefe do Executivo é acusado de interferir na Polícia Federal.

Bolsonaro afirmou, na sua tradicional live semanal nas redes sociais, que o relator do caso no STF, ministro Celso de Mello, queria que ele prestasse depoimento presencialmente e respondesse perguntas do ex-ministro da Justiça Sergio Moro, que o acusa de interferência no comando da PF. “O ministro Celso de Mello queria que eu depusesse de forma presencial respondendo pergunta para dois advogados do Moro e mais o próprio Sergio Moro. O Moro não tem que perguntar nada para mim”.

O presidente da República também disse que, 30 dias antes da demissão de Moro, o então ministro havia declarado, em entrevista, que Jair Bolsonaro nunca havia interferido na PF: “Porque isso aí a gente rebate rapidamente. Olha, 30 dias antes de ele ir embora, ele deu entrevista dizendo que eu nunca havia interferido na Polícia Federal. Ele alega que não me acusou, que trouxe fatos. É uma brincadeira, né. Trouxe fatos e cabe agora ao MP e ao Supremo aprofundar as investigações. Pô, tá de brincadeira esse Sergio Moro, né.”

O presidente se referiu ao inquérito como um “caso particular”, voltou a criticar a divulgação dos vídeos da reunião ministerial de 22 de abril, citada por Moro no processo, e afirmou que pretende “enterrar logo esse processo e acabar com a farsa desse ex-ministro”.

Segundo Bolsonaro, o pedido para apresentar manifestação por escrito, em vez de um depoimento presencial, se baseia no direito já concedido a presidentes anteriores: “O ministro Marco Aurélio deu uma liminar hoje suspendendo tudo desse inquérito, até que o meu pedido de ser ouvido por escrito, como já aconteceu no passado com presidentes que me antecederam, valesse pra mim também. Então, tem que valer para todo mundo, não é?”

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Interferência apontada por Moro

O inquérito foi aberto por Celso de Mello em abril, a pedido do procurador-geral da República, Augusto Aras, depois que o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro pediu demissão e acusou Jair Bolsonaro de tentar interferir na Polícia Federal por meio das trocas do então diretor-geral, Maurício Leite Valeixo, e do superintendente da PF no Rio de Janeiro. Valeixo foi demitido à revelia de Moro, que pediu para deixar o cargo no mesmo dia.

Até o momento, a PF colheu depoimentos do ex-ministro e do ex-diretor-geral da PF, dos ministros Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional da Presidência), Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo) e Walter Braga Netto (Casa Civil), além da deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP), do empresário Paulo Marinho, ex-aliado do presidente, e delegados da Polícia Federal.

Em entrevista coletiva após pedir demissão e em seu depoimento aos investigadores, Moro disse que o presidente pretendia fazer as mudanças para ter na PF um diretor com quem pudesse “interagir” e que lhe fornecesse relatórios de inteligência.

O escolhido por Bolsonaro para substituir Valeixo acabou sendo o delegado da PF e diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem, amigo dos filhos do presidente. O ministro do STF Alexandre de Moraes, no entanto, barrou a posse de Ramagem por entender que havia indícios de “desvio de finalidade” na nomeação. Bolsonaro, então indicou o delegado Rolando Alexandre de Souza para o cargo.

Foi no âmbito do inquérito que Celso de Mello autorizou a divulgação do vídeo da reunião ministerial do dia 22 de abril, no Palácio do Planalto, apontada por Moro como prova de que Bolsonaro pretendia interferir politicamente na PF. Na reunião, o presidente reclamou dos sistemas de informação da Abin e da PF e afirmou que apenas o seu sistema “particular” funcionava. Bolsonaro declarou no encontro que havia tentado trocar a “segurança” de sua família no Rio de Janeiro e, não tendo “conseguido”, estava disposto a trocar até um ministro para fazê-lo.

“Já tentei trocar gente da segurança nossa no Rio de Janeiro, oficialmente, e não consegui! E isso acabou. Eu não vou esperar foder a minha família toda, de sacanagem, ou amigos meu, porque eu não posso trocar alguém da segurança na ponta da linha que pertence a estrutura nossa. Vai trocar! Se não puder trocar, troca o chefe dele! Não pode trocar o chefe dele? Troca o ministro! E ponto final! Não estamos aqui pra brincadeira”, disse.

Segundo Moro, a menção a “segurança” se refere à Superintendência da Polícia Federal no Rio, onde o presidente teria buscado interferir politicamente em função de investigações de pessoas próximas a ele. Bolsonaro alega que se referia à segurança pessoal de sua família no Rio, que fica a cargo do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI). O presidente, no entanto, também cita “amigos”, que, ao contrário de sua família, não têm direito a escolta de seguranças do GSI.

Volta às aulas

Ainda durante a live, Bolsonaro voltou a defender o retorno das aulas presenciais no país e disse que já acionou o ministro da Educação para tratar do assunto. “Hoje, até mandei mensagem para o ministro Milton [Ribeiro], da Educação, para que se volte as aulas no Brasil”, afirmou.

Nesta quarta, 16, durante audiência pública com deputados e senadores, Milton Ribeiro disse que, se dependesse dele, as aulas presenciais nas escolas de todo o país “voltariam amanhã”, mas que ainda há riscos sanitários. O ministro informou também que a pasta está elaborando um protocolo de biossegurança para a retomada do funcionamento das escolas, com foco na educação básica.

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Com Agência Brasil

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