Por G1


Caso George Floyd: delegacia de Mineápolis é incendiada em terceiro dia de protestos

Caso George Floyd: delegacia de Mineápolis é incendiada em terceiro dia de protestos

A cidade americana de Minneapolis enfrentou na quinta-feira (28) a terceira noite consecutiva de protestos pela morte do segurança negro George Floyd, que foi asfixiado por um policial branco durante uma abordagem.

Os manifestantes invadiram uma delegacia e incendiaram carros e imóveis. Lojas foram saqueadas. Um jornalista negro foi detido enquanto cobria as manifestações para a rede americana CNN.

Manifestantes queimam loja perto de delegacia em Minneapolis — Foto: Adam Bettcher / Reuters

A revolta começou na segunda-feira (25) após a divulgação de um vídeo que mostra a violenta abordagem policial ocorrida do lado de fora de um supermercado da cidade, que fica no estado de Minnesota (veja vídeo da abordagem ao final desta reportagem).

O policial se ajoelhou no pescoço de Floyd por quase oito minutos, enquanto ele se queixava de que não conseguia respirar. Floyd, que foi detido por supostamente fazer compras com notas falsas, ficou inconsciente e foi levado por uma ambulância. Ele foi declarado morto ao chegar no hospital.

Na noite desta quinta, policiais tentaram conter os manifestantes com balas de borracha. Os bombeiros informaram que foram chamados para apagar incêndios em 16 locais diferentes entre quarta e quinta-feira (28).

5 fatos: entenda o caso Floyd

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O jornalista da CNN Omar Jimenez - que também é negro - e a equipe que o acompanhava foram detidos nesta sexta enquanto faziam a cobertura dos protestos em Minneapolis. Jimenez foi algemado pelos policiais durante uma transmissão ao vivo mesmo depois de ter se identificado.

A rede americana afirmou que a prisão de seus três funcionários era uma clara violação de direitos e fez um apelo para que as autoridades locais os soltassem imediatamente. A equipe foi liberada pouco tempo depois.

Jornalista da CNN é preso durante cobertura de protesto em Minneapolis

Jornalista da CNN é preso durante cobertura de protesto em Minneapolis

Após os saques e incêndios em lojas na noite de quarta-feira, as autoridades estaduais alertaram que não tolerariam mais excessos. O governador Minnesota, Tim Walz, pediu a intervenção da Guarda Nacional. O presidente Donald Trump declarou em rede social que enviará as tropas para o estado e que assumirá o controle caso haja "qualquer dificuldade".

A Guarda Nacional de Minnesota disse que mobilizou mais de 500 soldados para ajudar as autoridades locais, e principalmente os bombeiros, em Minneapolis, St. Paul e arredores.

Manifestantes em frente a delegacia Minneapolis — Foto: Kerem Yucel / AFP Photo

Investigação

Nesta sexta, Walz pediu o fim dos protestos violentos. "Temos que restaurar a ordem em nossa sociedade antes que possamos começar a abordar a questão", disse Walz em entrevista a jornalistas, referindo-se a décadas de divisão racial nos Estados Unidos. "Não podemos ter os saques e a imprudência que ocorreram".

O governo também disse esperar por uma justiça "rápida" para os policiais envolvidos na ação, que já foram demitidos. O policial que aparece apoiando o joelho no pescoço de Floyd foi preso, segundo relatos da imprensa americana.

O Ministério Público dos EUA e o FBI em Minneapolis informaram que estavam conduzindo "investigação criminal robusta" sobre a morte de Floyd.

A Casa Branca informou que o presidente Trump estava "muito preocupado" depois de ver as imagens "atrozes e espantosas" do assassinato e que ele exigiu que a investigação recebesse a máxima prioridade.

Policial foi filmado com o joelho sobre o pescoço de George Floyd — Foto: AFP/Facebook / Darnella Frazier

Protestos pelos EUA

Na quinta-feira, a morte de George Floyd motivou protestos em outras cidades norte-americanas, como Nova York, apesar das medidas de distanciamento social colocadas em prática por causa da pandemia de Covid-19. Os manifestantes se reuniram na Union Square, em Manhattan, repetiram a frase "não consigo respirar", dita por Floyd e também em 2014 por Eric Garner, morto em operação policial semelhante.

Houve registro de manifestações também em Denver (Colorado), Los Angeles (Califórnia), Chicago (Illinois), Phoenix (Arizona) e Memphis (Tennessee).

Polícia detém manifestante em Nova York nesta quinta (28) durante protesto contra morte em Minneapolis — Foto: Frank Franklin II/AP Photo

Mortes de negros pela polícia

A morte de George Floyd, que trabalhava como segurança de um restaurante, é a mais recente de uma longa série de assassinatos de negros pela polícia nos Estados Unidos e chama a atenção para estatísticas preocupantes.

Um estudo da ONG Mapping Police Violence, citado pela BBC aponta que, nos EUA, negros têm quase três vezes mais chances de serem mortos pela polícia do que brancos.

A brutalidade policial inspirou reações como o movimento #BlackLivesMatter (Vidas negras Importam), surgido em 2013. Celebridades como a cantora Beyoncé e a estrela do basquete Lebron James endossaram publicamente as campanhas.

Em 2014, Eric Garner, um homem negro de 43 anos acusado de vender cigarros contrabandeados, morreu asfixiado pelo policial branco Daniel Pantaleo em Nova York. "Não consigo respirar! Não consigo respirar!", foram as últimas palavras de Garner após ser preso. Pantaleo foi demitido em 2019.

Eric Garner, à direita, em foto de família. Ele morreu em 2014 durante uma operação policial — Foto: AP Photo/Family photo via National Action Network

O movimento Black Lives Matter ganhou mais visibilidade internacional depois que Michael Brown, de 18 anos, foi morto a tiros em 2014 após uma briga com o policial branco Darren Wilson, em Ferguson, no Missouri. Protestos violentos terminaram em uma morte, várias pessoas feridas e centenas de prisões.

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