Por André Trigueiro, RJ2


Lideranças religiosas do Rio decidem não retomar rotinas das celebrações

Lideranças religiosas do Rio decidem não retomar rotinas das celebrações

Lideranças religiosas do Rio decidiram não retomar as celebrações presenciais, mesmo após o decreto do prefeito Marcelo Crivella ter autorizado a realização de cultos em templos. Ao RJ2, líderes de várias religiões contaram que a opção é permanecer com o contato virtual com os seguidores.

Crivella defendeu a reabertura de templos com a adoção de medidas de proteção, como uso de máscaras, álcool em gel e distância mínima de 2 metros entre os fiéis.

Nesta quinta-feira (28), o número de mortes por Covid-19 no Rio chegou a 4.856 e passou os óbitos da China e Índia. O estado tinha 44.886 casos confirmados.

Prefeito do Rio autoriza funcionamento de templos religiosos — Foto: Reprodução/TV Globo

O decreto, divulgado nesta segunda-feira (25), surpreendeu o Conselho Científico da prefeitura. Crivella chegou a dizer que a cidade domina a pandemia e que não atingiu o caos por conta da chegada de equipamentos.

Igreja Batista Betânia - o pastor Neil Barreto já contabilizou quatro vítimas da Covid-19 na comunidade religiosa.

“É um decreto que nós não acataremos. Embora sejamos religiosos, comunidade de fé, eu acredito que a fé não dispensa bom senso. Manteremos as nossas atividades online até que a ciência nos diga que nós temos segurança para fazer isso. Acho que a preservação da vida hoje é mais importante”, destacou o pastor.

Igreja Católica - as 280 igrejas e 1 mil capelas espalhadas pelo município permanecem fechadas.

“Quando surgiu essa questão, todos foram unânimes em dizer que na sua região ainda tem muita gente infectada, morrendo e muitas famílias com problemas. Não seria o momento agora de retornar as missas presenciais. Estamos preparando nossos templos com higienização para quando diminuir essa incidência, nós podermos voltar as celebrações”, afirmou Dom Orani João Tempesta, cardeal arcebispo do Rio.

Sinagogas - o rabino Nilton Bonder informou que as sinagogas e centros de estudo do judaísmo também continuam fechados.

“A nossa conduta nesse momento tem sido exatamente permanecermos de forma virtual. Migramos totalmente, todos os serviços religiosos são feitos de forma virtual, e assim nós vamos permanecer, até porque a tradição judaica, a questão do risco de vida, permite que a gente, obviamente, modifique tudo que seja necessário para você evitar o risco à vida humana”, declarou o rabino.

Tradições afro-brasileiras - o babalaô Ivanir dos Santos afirmou que eles vão continuar a seguir as recomendações da ciência médica.

“O decreto é uma insensibilidade com a vida humana e [está] muito mais preocupado com a vida econômica da cidade. Também estamos preocupados, mas as maiores vítimas têm sido as comunidades pobres, marginalizas, periferias, onde estão os nossos adeptos, são a grande maioria. Nós não concordamos por essa razão”, disse o babalaô.

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