Por Rodrigo Rodrigues, G1 SP — São Paulo


Paciente ganha festa da equipe médica depois de 19 dias internado com coronavírus

Paciente ganha festa da equipe médica depois de 19 dias internado com coronavírus

Ireno Márcio Silva, de 41 anos, protagonizou na última sexta-feira (3) uma das cenas mais emocionantes desde o início da crise do coronavírus em São Paulo. Ao ganhar alta médica do Hospital Samaritano, depois de 19 dias de internação e uma parada cardíaca, ele foi aplaudido e ganhou uma festa de médicos e enfermeiros, que cantaram e pularam, em comemoração ao que ele chama de "milagrosa recuperação". (assista ao vídeo acima)

Equipe médica faz festa para paciente que teve alta após 19 dias internado com coronavírus em hospital de SP — Foto: Reprodução

O profissional de relações públicas deu entrada no hospital no dia 16 de março com dores nas costas e, inicialmente, um quadro de pneumonia viral. As dores se iniciaram quase uma semana antes e o levou a um primeiro hospital. No diagnóstico inicial, os médicos constataram uma gripe do tipo H1N1 e uma pneumonia viral. Ele foi medicado com tamiflu e voltou para casa para continuar o tratamento. Porém, as dores nas costas persistiam e ele se sentia levemente febril, perdendo a sensibilidade do paladar e do olfato. 

"Jamais passou pela minha cabeça que eu estivesse com coronavírus. Antes de ir pela primeira vez no hospital, eu tinha ido pra academia e fiz bastante exercício. Achei que tivesse inflamado algum músculo das costas. Eu sentia um leve estado febril apenas, nem chegava a ser febre. Três dias depois de começar a tomar o remédio, as dores persistiam e perdi o olfato e o paladar. Isso me preocupou. Fui até o Samaritano e na hora a médica pediu radiografias e me internou. Parece até dedo de Deus, porque, antes de sair o resultado do exame de covid-19, comecei a sentir falta de ar e ganhei auxílio do oxigênio. Quando saiu a confirmação do exame, fui transferido direto para a UTI. 72 horas depois da internação, já estava entubado e num estado clínico muito crítico", relembra.

Na UTI, Ireno foi entubado e diz que por várias vezes teve que ser reanimado pelas equipes médicas do Hospital Samaritano, chegando a ter uma parada cardíaca.

"Fui e voltei várias vezes, perdendo a consciência em diversas ocasiões. Os médicos me reanimaram. A festa que fizeram pra mim na saída me emocionou muito porque eu realmente fui salvo por eles. Estive entre a vida e a morte. Sou muito grato a toda equipe que cuidou de mim, são pessoas muito profissionais e competentes. É emocionante saber que nasci de novo, aos 41 anos", afirma.

O relações públicas Ireno Márcio Silva, de 41 anos, catarinense nascido na cidade de Lages. — Foto: Acervo Pessoal

Ajuda a outros pacientes

Ireno foi cuidado pela equipe da dra. Fernanda Maffei, que aparece no vídeo de máscara, comemorando a alta do paciente do hospital. Depois da alta, o relações públicas está em observação em Itu, na casa do namorado.

Os 19 dias de internação (11 deles na UTI) fizeram o catarinense perder 12 quilos. O processo também fez Ireno pensar em várias mudanças que quer promover na vida daqui em diante. A primeira delas, segundo ele mesmo, é tentar ajudar as pessoas a se recuperarem da doença. 

"Recebi uma ligação do hospital Albert Einstein pedindo para eu participar das pesquisas sobre o plasma convalescente. Não sei se na minha atual condição consigo ajudar, mas quero muito poder contribuir para que outras pessoas possam superar o coronavírus. Amanhã mesmo estou ligando para eles para me oferecer na pesquisa", afirma o rapaz. 

A segunda mudança de vida está na volta para a família, que vive em Santa Catarina. Após 17 anos morando sozinho em São Paulo por causa do trabalho, ele acha que está na hora de retornar para perto dos familiares. 

"Passei por esse processo todo sozinho. Me internei sozinho e fiquei todos esses dias isolado, sem ver ninguém das pessoas que eu amo. A maioria das coisas que aconteceu comigo fiquei sabendo pelo whatsapp, por amigos que criaram um grupo para passar informações para a minha família lá em Florianópolis. Como eles não tinham condições de vir a São Paulo para acompanhar, coube a eles fazer essa ponte. Sou muito grato a todos eles, mas, pra mim, esse foi o start para me fazer querer voltar pra casa. Dinheiro não é tudo. Quero agora estar entre as pessoas que amo e curtir cada dia da minha vida", diz. 

Ireno reforça um pedido para que as pessoas se preservem e fiquem em casa. Ele mesmo diz que tem diversos familiares do Sul que não encaravam a epidemia de coronavírus com muita seriedade, mas que agora viram o tamanho da gravidade do problema.

"Sou um homem saudável, que fazia exercícios, não tinha asma, diabetes ou qualquer outro problema que me colocasse no grupo de risco. Mesmo assim passei por tudo isso. Algumas pessoas ainda debocham, minimizam. Até na minha família tinha isso. Mas quem pensa que isso é só uma gripezinha se engana. Emagreci 12 quilos e fiquei entre a vida e a morte. Fui salvo pelos médicos e pela graça de Deus. Nada disso é brincadeira. E os brasileiros precisam se preservar", afirma.

Depois de perder 12 quilos, Ireno está se recuperando na casa do namorado em Itu, interior de São Paulo. — Foto: Acervo Pessoal

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