Por Hélter Duarte, RJ2


Crescimento da curva de casos da Covid-19 no RJ pode estar diminuindo, indicam cálculos

Crescimento da curva de casos da Covid-19 no RJ pode estar diminuindo, indicam cálculos

As medidas de isolamento social impostas no estado do Rio contra o coronavírus podem ter diminuído o ritmo do crescimento da doença. Mas comparar o estado com países que controlaram o Covid-19, como a Coreia do Sul, é precipitado. A avaliação é feita por especialistas ao RJ2 desta quarta-feira (1).

A Coreia do Sul é considerada o exemplo de um local que controlou a explosão de casos, adotando o isolamento e a testagem em massa. Os coreanos registram cerca de 10 mil casos e 165 mortes.

O governador Wilson Witzel chegou a comparar na última segunda-feira o estado ao país asiático: "Aparentemente a nossa curva está caminhando no mesmo sentido que a Coreia do Sul".

Doutor em estatística, Jony Arrais, professor da UFF, estudou os gráficos dos primeiros 30 dias de doença. Os números mostram que o estado teve um índice de mortes menor que a Coreia do Sul, mas ele observa que a subnotificação pode mascarar os dados.

"Vale ressaltar que o Rio e a Coreia do Sul adotaram posturas diferentes: enquanto a Coreia resolveu testar em massa, o Rio, no caso o Brasil, não. Isso pode indicar subnotificação grande. É preciso muita cautela porque tem países que vem vivenciando a epidemia há mais tempo que o Brasil. E eles foram muito bem no começo, com poucos casos. E tiveram um crescimento muito grande logo depois. Depois de 50 dias, como os EUA", avalia.

A subnotificação pode ocorrer porque, como faltam testes, apenas os mais graves estão sendo testados. Alguns pacientes chegam a morrer sem ter feito o exame.

"O número de casos representa uma parcela muito pequena do total que existe. Isso acontece porque a nossa capacidade de testar a Covid-19 ainda é baixa. Um segundo ponto é que há uma demora entre a realização do exame o resultado. Os casos que temos hoje são casos testados dias atrás. Então precisamos ter cautela ao interpretar esses dados, mas eu entendo e também tenho essa expectativa, de pequenas mudanças no número de casos, pequenas reduções em curto prazo, elas trazem esperança que o nosso esforço da sociedade para conter a epidemia está surtindo efeito", explica o infectologista Guilherme Werneck.

Apesar da provável subnotificação, os gráficos sugerem uma contaminação mais lenta após as medidas restritivas. Isso é importante para que o sistema de saúde, já sobrecarregado, não entre em colapso.

"Os dados relativos ao crescimento de casos no Rio sugerem que talvez esteja havendo uma desaceleração da doença no estado, sobretudo a partir do distanciamento social. Até o dia 5, quando compara com o inicio da doença, dava 35% ao dia, dobrando a cada 36h, de lá pra cá, caíram. O número médio de 24% e tá dobrando a cada 79h então há uma sinalização preliminar que as medidas de distanciamento social estão contribuindo pra desacelerar e isso é importante para diminuir o nosso sistema hospitalar. Quando mais empurrar pra frente isso menor o pico de hospitalizações, leitos intensivos e etc. Há uma sinalização de que as medidas de isolamento estejam contribuindo", diz Marcelo Viana, diretor do Impa.

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