Por G1 Ribeirão Preto e Franca


A médica Isabella Abdalla diz que há uma grande procura por soro da imunidade por medo do coronavírus Ribeirão Preto, SP — Foto: Reprodução/Instagram

O advogado de Isabella Resenda Abdalla, que associou um soro da imunidade como solução para o novo coronavírus, diz que a médica tem convicção de que não agiu de maneira enganosa nas redes sociais, mas que ela cumprirá um acordo firmado com o Ministério Público em Ribeirão Preto (SP).

Isabella deve pagar uma indenização de R$ 18 mil, conforme o termo de ajustamento de conduta. Segundo o promotor Ramon Lopes Neto, o valor em quatro parcelas será revertido ao Fundo Municipal de Defesa dos Direitos Humanos.

No TAC, a médica também se comprometeu a não anunciar ou vender qualquer produto sem comprovação científica ou que desrespeite as recomendações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e dos conselhos federal e regional de medicina.

Em caso de descumprimento, ela será multada em R$ 18 mil por anúncio realizado. Outra multa no valor de R$ 3 mil será aplicada por produto vendido, de acordo com o MP.

Médica que vendia soro de imunidade e relacionava ao coronavírus vai pagar R$ 18 mil

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Polêmica

Em março, Isabella virou alvo de um inquérito civil depois que usou o perfil no Instagram para publicar vídeos em que aparece promovendo um soro de imunidade contra o coronavírus.

Em um deles, a clínica geral mostrava gestantes recebendo o medicamento na veia. O produto, segundo ela, tem vitaminas e substâncias antioxidantes.

"Gente, essa turma minha de gestante está uma mais maravilhosa que a outra. Todo mundo tomando soro para imunidade, 'né'? Ficar imune do corona", afirmou na gravação.

Em outro vídeo, Isabella dizia que as pessoas "estão desesperadas" com a Covid-19, que havia uma alta procura pelo soro e que ela iria disponibilizá-lo a pessoas que não eram pacientes dela.

Isabella Abdalla é nutróloga e atua em Ribeirão Preto — Foto: Reprodução/Instagram

Sem comprovação

De acordo com o Conselho Federal de Medicina, a resolução 1.974 proíbe médicos de "fazer propaganda de método ou técnica não aceita pela comunidade científica".

Ao MP, Isabella negou intenção de promover tratamento para a Covid-19 ao publicar vídeos na internet.

Segundo a Associação Brasileira de Nutrologia (Abran), o uso de soroterapia endovenosa para prevenção de doenças infectocontagiosas não faz parte de protocolos da especialidade médica.

"Não há nenhuma evidência científica de que a infusão de soros, com qualquer dose de vitaminas, minerais, aminoácidos, antioxidantes ou outros nutrientes, tenha efeito preventivo contra o novo coronavírus".

O Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) abriu sindicância para investigar o caso. A apuração, no entanto, tramita sob sigilo determinado por lei.

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