Por G1 SP


Doria lê propostas de governadores contra a expansão do coronavírus

Doria lê propostas de governadores contra a expansão do coronavírus

Na abertura da conferência entre 26 governadores do Brasil, na tarde desta quarta-feira (25), o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), afirmou que depois do que o presidente Jair Bolsonaro disse em pronunciamento na terça-feira (24), ao minimizar o impacto da pandemia do coronavírus, cabe aos governadores , ao Congresso e ao STF, salvar o Brasil.

"Mais do que nunca, amigos, nós temos que salvar vidas. E depois do que ouvi hoje pela manhã e do que ouvi ontem à noite em rede nacional, cabe a nós, governadores do Brasil, ao Congresso Nacional, na liderança do deputado Rodrigo Maia, do presidente do Senado, assim como o presidente do Supremo Tribunal Federal, salvarmos o Brasil."

Contrariando tudo o que especialistas e autoridades sanitárias do país e do mundo inteiro vêm pregando como forma de evitar que o novo coronavírus se espalhe, Bolsonaro fez, em rede nacional de televisão, um pedido para que todos voltem à normalidade.

Bolsonaro culpou os meios de comunicação por espalharem, segundo ele, uma sensação de "pavor". E disse que, se contrair o vírus, não pegará mais do que uma "gripezinha".

O governador de São Paulo, João Doria, durante conferência com 26 governadores brasileiros. — Foto: Reprodução

Segundo Doria, o objetivo da reunião não era estabelecer trincheira contra o governo federal, mas garantir que o país não minimize a pandemia do coronavírus.

"O objetivo dessa reunião não estabelecer nenhum princípio de viés ideológico ou partidário, nem transformar isso numa trincheira nem contra o presidente Jair Bolsonaro nem contra o governo federal", disse Doria.

O governador de São Paulo afirmou que Bolsonaro foi desrespeitoso com os governadores do Sul, Centro Oeste Nordeste ao não revelar a eles na terça-feira o que diria em rede nacional horas depois.

"Pessoalmente considerei desrespeitoso ele ter proposto uma reunião de conciliação e entendimento com os governadores e ter tido um gesto com uma manifestação absolutamente extemporânea, equivocada, maldosa em relação aos brasileiros, como ele formulou ontem à noite em rede nacional de televisão. E isso está sendo reproduzidos nos meios de comunicação do Brasil e até internacionais, condenando a fala do presidente Jair Bolsonaro. Fala essa que ele não compartilhou, sequer, com os seus ministros. E hoje pela manhã, quando foi me dado a palavra, eu fui bastante respeitoso com o presidente, não levantei o tom de voz. Não estabeleci nenhum comportamento de rivalidade, não o ofendi", disse.

Doria disse que o estado de São Paulo tem quase 6,8 milhões de pessoas com mais de 60 anos que têm o direito de viver.

26 governadores brasileiros participaram de conferência online nesta quarta-feira (25). — Foto: Reprodução

Segundo Bolsonaro no pronunciamento, "raros são os casos fatais de pessoas sãs com menos de 40 anos de idade". "90% de nós não teremos qualquer manifestação caso se contamine".

"Nós aqui em São Paulo temos hoje mais de 46 mortes já contabilizadas, temos mais de duas mil pessoas hospitalizadas e sob risco. É uma posição também desrespeitosa com as pessoas de mais de 60 anos. Só o estado de São Paulo tem praticamente 6 milhões e 870 mil pessoas com mais de 60 anos. Não há razão para a desumanidade de achar que alguém que tem mais de 60 ou mais anos não tenham o direito de viver, o direito de lutar pela sua vida. E o estado não tenha a obrigação e o dever de garantir esse cidadão a assistência e o atendimento médico adequados. Então, foi essa a posição que manifestei, não em nome dos governadores, mas em nome de São Paulo, que é a minha obrigação”, afirmou Doria.

A reunião dos 26 governadores durou 2h15 e terminou com uma carta de pedidos ao governo federal, em que os estados fazem cinco reivindicações ao presidente da República. Entre essas reivindicações, está a aplicação da lei que institui uma renda básica de cidadania para todos os brasileiros e a suspensão por 12 meses do pagamento das dívidas dos estados com a União e bancos públicos.

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