Três pessoas dispararam contra Cid Gomes, que avançou sobre amotinados
Imagens do momento do tiroteio contra o senador licenciado Cid Gomes (PDT-CE) mostram que ao menos três pessoas dispararam na direção do político. Dois tiros atingiram o senador quando ele tentou invadir um batalhão da Polícia Militar em Sobral ocupado por policiais amotinados na quarta-feira (19).
Cid foi atingido por dois tiros no peito, uma das balas bateu na costela e ficou alojada no pulmão. Ele recebe atendimento em um hospital particular em Fortaleza e não corre risco de morrer, segundo familiares.
O primeiro disparo contra o senador foi feito por uma pessoa encapuzada e blusa de mangas cumpridas.
Câmera registra momento em que atirador dispara contra Cid Gomes — Foto: Divulgação
Em seguida, outra pessoa com rosto coberto e blusa de mangas curtas atira.
Câmera registra momento em que um segundo atirador dispara contra Cid Gomes — Foto: Divulgação
Por fim, uma terceira pessoa de capacete efetua disparos com uma arma de fogo.
Câmera registra momento em que terceiro atirador dispara contra Cid Gomes — Foto: Divulgação
Parte dos policiais do Ceará amotinados realizam atos que a Secretaria da Segurança considera "vandalismo" e "insubordinação". Os militares reivindicam um aumento salarial maior que o proposto pelo Governo do Estado.
O movimento também tem fechado batalhões – nesta sexta, ao menos 9 dos 43 estão ocupados pelos manifestantes – e atacado carros oficiais, que têm os pneus esvaziados para não poderem ser utilizadas.
A proposta do governo é aumentar o salário de um soldado da PM dos atuais R$ 3,2 mil para R$ 4,5 mil, em aumentos progressivos até 2022. O grupo de policiais que realiza as manifestações reivindica que o aumento para R$ 4,5 mil seja implementado já neste ano.
Exército e Força Nacional
Agentes do Exército realizam a segurança em ruas próximas ao Comando da 10ª Região Militar, no Centro de Fortaleza — Foto: José Leomar/SVM
Com o número reduzido de policiais atuando no Ceará, o estado recebe reforço de tropas do Exército e Força Nacional. As tropas do Exército que farão o patrulhamento serão formadas por militares de Ceará, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte, e vão atuar de forma prioritária na capital e cidades da Região Metropolitana. No interior, as forças serão empregadas conforme a demanda.
A expectativa era que o Exército começasse a atuar a partir da tarde desta sexta, mas por volta das 10h, já havia tropas realizando patrulhamento no Centro de Fortaleza, em ruas próximas do comando da 10ª Região Militar, onde uma reunião definiu os detalhes da operação.
A violência disparou durante o motim. Entre as 6h de quarta-feira e as 6h de quinta, o estado teve 29 homicídios – quase cinco vezes a média diária de 2020, de seis por dia.
Resumo:
- 5 de dezembro: policiais e bombeiros militares organizaram um ato reivindicando melhoria salarial. Por lei, policiais militares são proibidos de fazer greve.
- 31 de janeiro: o governo anunciou um pacote de reajuste para soldados.
- 6 de fevereiro: data em que a proposta seria levada à Assembleia Legislativa do estado, policiais e bombeiros promoveram uma manifestação pedindo aumento superior ao sugerido.
- 13 de fevereiro: o governo elevou a proposta de reajuste e anunciou acordo com os agentes de segurança. Um grupo dissidente, no entanto, ficou insatisfeito com o pacote oferecido.
- 14 de fevereiro: o Ministério Público do Ceará (MPCE) recomendou ao comando da Polícia Militar do Ceará que impedisse agentes de promover manifestações.
- 17 de fevereiro: a Justiça manteve a decisão sobre possibilidade de prisão de policiais em caso de manifestações.
- 18 de fevereiro: três policiais foram presos em Fortaleza por cercar um veículo da PM e esvaziar os pneus. À noite, homens murcharam pneus de veículos de um batalhão na Região Metropolitana.
- 19 de fevereiro: batalhões da Polícia Militar do Ceará foram atacados. O senador Cid Gomes foi baleado em um protesto de policiais amotinados.
- 20 de fevereiro: policiais recusaram encerrar o motim após ouvirem as condições propostas pelo Governo do Ceará para chegar a um acordo.
- 21 de fevereiro: tropas do Exército começam a atuar nas ruas do Ceará.
MOTIM DE POLICIAIS MILITARES NO CEARÁ
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